Pela cura do câncer infantojuvenil

* Francisco Neves

Desde 1990 atuo na causa do câncer infantojuvenil como voluntário. Pouco antes, havia perdido um filho para a leucemia e desde então estava decidido a lutar para que outras crianças e adolescentes não tivessem o mesmo destino.

Décadas atrás, uma criança com câncer era vista e tratada como um adulto em miniatura. Havia um tabu em torno da doença e não havia equipamentos apropriados, nem profissionais especializados no tratamento do câncer infantojuvenil.

A luta contra o câncer é um desafio, especialmente porque afeta não só o paciente, mas toda a família. As estratégias de combate ao câncer infantojuvenil apontam que a articulação entre sociedade civil, governo e iniciativa privada tem sido diferencial para alcançarmos esta evolução e mudarmos, de fato, o cenário da oncologia pediátrica no Brasil.

Nesta semana em que se celebra o Dia Mundial contra o Câncer é uma grande vitória constatar que, nestes últimos anos, várias iniciativas vêm sendo criadas em benefício das crianças e adolescentes em tratamento oncológico. Hoje, nos melhores centros especializados em câncer infantojuvenil do país podemos dizer com orgulho que cerca de 70% das crianças atendidas voltam para suas casas curadas e podem seguir suas vidas sem graves seqüelas. As chances de cura chegam a 85% quando o diagnóstico da doença é feito precocemente.

Ainda há muito a ser feito para que possamos vislumbrar a cura total, objetivo que a medicina tem buscado de forma incansável. No entanto, a evolução no tratamento e na qualidade de vida é motivo para comemorarmos desde já. Estamos contribuindo para que crianças, adolescentes e seus familiares reconquistem a esperança.

*superintendente do Instituto Ronald McDonald, organização sem fins lucrativos que completa em abril 12 anos de fundação, com a missão de promover a saúde e a qualidade de vida de crianças e adolescentes com câncer.