Terapia Ocupacional: o que é e como ela ajuda na oncologia infantil?

É muito comum a gente simplificar o tratamento de uma doença à atuação de um único profissional: o médico. Aqueles a quem recorremos para prescrever exames, remédios e terapias. Entretanto, muitas intervenções dependem de uma equipe multidisciplinar para o sucesso do tratamento. O câncer, por exemplo, é uma dessas doenças que precisam de metodologias integrais para a melhora dos pacientes. Em geral, essas equipes são formadas por psicólogos, psiquiatras, assistentes sociais, fisioterapeutas, enfermeiros e também os terapeutas ocupacionais. E é sobre esse último grupo que vamos falar hoje! 

Terapeutas ocupacionais são profissionais que atuam em diversas áreas da saúde, da educação e também em questões sociais como atendimento à população carcerária. 

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Mas afinal, como é o trabalho de um terapeuta ocupacional? 

O Blog do Instituto Ronald McDonald conversou com a Rafaela Cunha Baía, terapeuta ocupacional na Casa Ronald McDonald de Belém, e ela nos contou um pouco sobre essa profissão. Muitas pessoas não sabem bem o que um terapeuta ocupacional faz, mas seu trabalho é muito importante para a realidade de muitas pessoas. Sua principal função é estudar e empregar atividades que utilizem instrumentos artísticos para promover bem-estar em algumas situações que podem ser patológicas ou não. Como afirma Rafaela: 

“Buscamos proporcionar o máximo de autonomia e independência às ocupações humanas como brincar, trabalhar, estudar, e tantas atividades de lazer, permitindo a participação social do paciente. O terapeuta ocupacional atua com pessoas de qualquer faixa etária, que por algum motivo temporário ou definitivo, apresentem déficits, problemas ou limitações físicas, cognitivas, psicológicas, sensoriais ou sociais.”

Trata-se de um processo terapêutico que utiliza diversos instrumentos para fazer com que indivíduos consigam se reintegrar à sociedade após problemas de âmbito físico, psicológico ou social.

A metodologia aplicada inclui exercícios que atingem a autonomia e a autoestima dos pacientes.

Terapia ocupacional é um tipo de fisioterapia?

Essa é uma das dúvidas que mais passa pela cabeça das pessoas, e a resposta é: não. Terapia ocupacional e fisioterapia são coisas distintas, mas que podem ser complementares.

Fisioterapia é um tratamento dedicado a fortalecer músculos e desenvolver mobilidade. Já a terapia ocupacional vai além dos movimentos, ela trabalha emoção, sentimento, reação, afetividade, autoconhecimento e educação. O objetivo da terapia ocupacional é contribuir para o restabelecimento da pessoa em relação a sua vida cotidiana.

Quais são as atividades mais comuns?

A terapia ocupacional não é focada em falar e sim em fazer. Por meio das atividades propostas, o profissional projeta a independência do paciente em relação aos traumas e questões que o impedem de levar a vida normalmente. 

Durante a sessão terapêutica é possível realizar trabalhos com tinta, com desenho, com leitura, com dinâmicas. As abordagens variam de paciente para paciente e realidade para realidade, mas é uma evolução conjunta entre terapeuta e paciente. Rafaela explica que a terapia ocupacional se faz necessária quando a pessoa é acometida com alguma disfunção neurológica, doença, síndromes, trauma, disfunções devido ao trabalho, condições de incapacidade pediátrica ou geriátrica e sofrimento psíquico, nesses casos a auxilia no desempenho de suas ocupações de maneira satisfatória. Sobre as atividades, ela esclarece: 

“O trabalho desempenhado na Casa Ronald McDonald Belém é voltado à ressignificação da participação social para o bom convívio entre os moradores, acompanhantes e demais profissionais da Casa, para isso estimulamos a empatia através da troca de experiência e do desenvolvimento psicomotor de modo cooperativo, ou seja, por meio de jogos psicomotores, observando as crianças com riscos de atrasos neuropsicomotores para possíveis encaminhamentos para o tratamento clínico, além disso fazemos também a atenção e escuta terapêutica, amenização dos efeitos negativos do tratamento e quebra da rotina.”

Terapia ocupacional na oncologia infantil 

É por isso que para o tratamento oncológico ela se faz tão importante, porque ajuda o paciente a encarar a perspectiva de futuro. Quando aquele desafio passar, será preciso viver uma nova realidade que existirá a partir de tudo que a doença trouxe. As tristezas, as dores, a ausência, a mudança de rotina, a superação e até mesmo a cura. Tudo isso é parte de um processo complexo que transforma para sempre a vida de uma pessoa. E quando tudo isso acontece na vida de uma criança ou adolescente esse apoio torna-se ainda mais importante. Afinal, são muitos sentimentos e aprendizados para alguém tão novo.

“Sabemos que o paciente oncológico sofre uma quebra de suas ocupações e rotinas, encontrando diversas dificuldades para realizá-las devido o tratamento oncológico. O Terapeuta Ocupacional buscará suprir estas dificuldades conforme os fatores de riscos, resgatando as atividades importantes do cotidiano de cada indivíduo conforme suas vontades e peculiaridades, objetivando contribuir para a recuperação no tratamento completo”, complementa, Rafaela. 

Uma criança quando fica internada deixa muita coisa para trás como lazer, escola, amigos e até mesmo sua identidade física. Os cabelos caem, elas engordam emagrecem e algumas perdem até membros. Um turbilhão de acontecimentos e sentimentos que se fazem presentes integralmente em uma rotina que pode durar meses ou até anos. Saiba tudo sobre o câncer infantil no post tudo sobre o câncer infantojuvenil.

“O terapeuta ocupacional atua durante o processo de desospitalização, amenizando os aspectos negativos da hospitalização, favorecendo a autoconfiança e autoestima (que muitas vezes ficam diminuídas devido às consequências da doença: emagrecimento, perda de cabelo, mal-estar, etc) e retomando ao máximo a autonomia e a independência do paciente oncológico. ”

Nesse sentido, os terapeutas ocupacionais trabalham para humanizar esse processo a partir de atividades que possam conectar a criança a ela mesma. Construindo a personalidade de um “eu” pós câncer infantojuvenil.