Quando o Instituto Ronald McDonald começou seu trabalho com o câncer infantojuvenil, a realidade brasileira era outra. Aliás, não só a brasileira quanto a do mundo todo.
Afinal, os últimos 20 anos foram marcados pela velocidade do avanços nas tecnologias. Celulares, computadores, inteligência artificial, automação. E é claro que isso também foi percebido na medicina influenciando os números de sobrevivência de crianças e adolescentes com câncer.
Sendo assim, há 20 anos as chances de cura de uma criança com câncer no Brasil eram muito pequenas, em torno de 40%, ou seja, a cada 100 crianças tratadas, 75 morriam. Para mudar esse quadro, quando o Instituto Ronald McDonald foi fundado, o primeiro desafio foi compreender a realidade do câncer infantil, levantando informações sobre a doença no Brasil para saber em que áreas era preciso atuar. Por muitos anos, com base nesse diagnóstico, o Instituto direcionou investimentos para estruturar em cada região do país uma estrutura mínima de apoio às crianças que era composta de unidade de internação, unidade ambulatorial e casas de apoio. Com o tempo, foi percebido que essa estrutura não era suficiente e com o desenvolvimento de Programas como o Diagnóstico Precoce, em 2008, foi notado que ainda era preciso investir muito para que todas as crianças do Brasil tivessem acesso ao tratamento durante os primeiros sinais e sintomas, podendo aumentar as chances de cura para 85% como acontece nos países com alto índice de Desenvolvimento Humano (IDH).
Por isso, desde 2017 o Instituto desenvolveu uma estratégia de Advocacy para engajar os atores públicos a darem respostas aos desafios impostos pela doença que mais mata crianças e adolescentes no Brasil.
Diálogo pela cidadania
O Advocacy é uma estratégia para influenciar a elaboração de políticas públicas e alocação de recursos para promoção de direitos de um ou mais grupos. Como o próprio termo remete, estratégias de Advocacy envolvem o diálogo com parlamentares e gestores públicos.
No Brasil, várias organizações adotaram o Advocacy como estratégia de mudança social. O Instituto Ronald McDonald foi uma dessas instituições que atua na defesa do direito de todas as crianças e adolescentes com câncer terem acesso ao diagnóstico e ao tratamento de qualidade, o que promove o aumento das chances de cura. Carla Lettieri, coordenadora de Programas e Projetos, explicou como esse recurso é incorporado ao plano de ação do Instituto.
Antes de mais nada, é preciso compreender que o Advocacy é uma estratégia de transformação social que geralmente alcança resultados no médio e longo prazo que são alcançados por meio da influência direta ou pela mobilização da sociedade. .
No Instituto Ronald McDonald ela é formada, principalmente, lado a lado com organizações como a Sociedade Brasileira Oncologia Pediátrica (SOBOPE) e a Confederação Nacional das Instituições de Apoio e Assistência à Criança e ao Adolescente com Câncer (CONIACC).
Para alcançar os resultados esperados, uma estratégia de Advocacy precisa estar baseada em evidências. No caso do câncer infantojuvenil, buscamos entender os dados epidemiológico sobre a doença e conhecer a realidade do acesso e do tratamento nos diversos estados brasileiros. O Advocacy exerce a função de:
● Explanar uma realidade ainda desconhecida;
● Apresentar dados que justifiquem ações;
● Apresentar soluções;
● Defender como prioridade;
● Organizar processos;
● Somar forças.
Métodos de influência
É comum que os termos Lobby e Advocacy sejam usados como sinônimo, no entanto, a diferença nos objetivos são fundamentais.
O lobbying é uma estratégia de influência voltada diretamente para os legisladores que, geralmente tem por finalidade obter vantagens para um determinado setor produtivo, ou empresa. Já o Advocacy, envolve o engajamento de organizações sociais ou de toda sociedade para aumentar o acesso de grupos marginalizados a direitos fundamentais.
“Nossa estratégia de Advocacy visa sensibilizar gestores públicos de saúde (municipais e estaduais) para priorizarem a organização da rede de prevenção e controle do câncer e investirem no diagnóstico precoce e no tratamento em serviços hospitalares habilitados em oncologia pediátrica e com toda estrutura necessária para tratar com qualidade. Além disso, junto com nossos parceiros, buscamos sensibilizar parlamentares sobre a importância de se investir no diagnóstico precoce, pois o tratamento do câncer nos primeiros estágios é mais barato e aumenta as chances de cura”. esclarece Carla Lettieri.
Estratégias bem sucedidas
Nesses 20 anos, o Instituto Ronald McDonald tem o orgulho de ter feito parte de muitas realizações que beneficiaram a famílias por todo o Brasil. Carla conta com satisfação a intervenção positiva pela inauguração do Hospital Oncológico Infantil Octávio Lobo, em Belém, no Pará.
“O Hospital Oncológico Infantil Octávio Lobo, em Belém, foi o resultado de muitos debates durante 8 anos, com governos diferentes, gestores e agentes locais. Ele foi inaugurado como um benefício para o criança com câncer, tornando-se uma referência na região norte, graças ao esforço conjunto do Instituto Ronald McDonald com a SOBOPE, a CONIACC e as instituições locais.”
Participação e representatividade
O Advocacy é uma ferramenta da democracia com uma mensagem muito especial: os bons resultados são reflexos do esforço e da dedicação de todos.
Conheça a causa, se engaje e faça parte da construção desse amanhã!