Reportagem de Gabriella Bontempo
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Na prova olímpica a velocidade decide quem será o campeão, mas na vida a superação dos próprios limites ganha mais destaque do que a medalha e deixa ainda mais bela a luta contra o câncer infantil. Foi isso que os 15 competidores mirins, atendidos pela Assistência às Famílias de Crianças Portadoras de Câncer e Hemopatias (Abrace), mostraram ao participar do primeiro circuito infantil de crianças contra o câncer, promovido pelo Instituto Ronald MCDonald, na manhã de ontem.
A pequena Laiane da Cunha, 6 anos, não se intimidou em correr de cadeira de rodas. Há quatro anos ela luta contra uma leucemia. “Na corrida só vou empurrar a cadeira se ela cansar. Ela vai sozinha, porque mesmo com a doença sempre foi ativa e independente. O câncer e o tratamento são doloridos para toda a família, mas, para ela, não andar é só um detalhe”, contou a mãe Letuza Cristian da Cunha, 36 anos. Laiane não chegou em primeiro lugar, mas cruzou a linha de chegada sem auxílio algum, só com a força dos próprios braços. Como ela, Maycon Santos, 8 anos, último a chegar, superou todos os limites. “É a primeira vez que ele participa. Meu filho sempre teve vontade de correr, mas não podia por causa do tratamento. Não tenho palavras para expressar o que é ver meu filho hoje aqui”, contou emocionada a mãe, Roberta Santos Plácido, 30 anos. O pai dele acompanhou todo o trajeto, incentivando o garoto a chegar ao fim. “Maycon passou por duas cirurgias, ficou em coma, até os médicos falaram que ele não iria aguentar”, disse.
DOAÇÃO
Das inscrições para a corrida, 60% do que foi arrecadado vai ser doado para a Abrace. Para a presidente da entidade, Ilda Peliz, esse momento esportivo é mais do que o recurso financeiro, é uma chance de inclusão social. “As crianças ficam empolgadas em participar desse evento. Até aquela que não possui mobilidade física, ganha ao superar seus limites aqui e o esporte faz bem no tratamento”, contou. Segundo ela, esses eventos contribuem também para a mobilização da sociedade. “Mostramos à população a importância de travar essa luta contra o câncer e de apoiar entidades como a Abrace, que atende atualmente 1,2 mil crianças”, ressaltou.
Este ano, está prevista a inauguração do Hospital da Criança José Alencar, em Brasília, que vai ser equipado para realizar mais de 350 mil procedimentos médicos. “Foram R$ 30 milhões para a obra e equipamentos”, disse.
De acordo com o gerente do Instituto Ronald MCDonald, Roberto Mack, o apoio dado a esses projetos tem ajudado a elevar o índice de cura. “Na faixa etária de zero a 19 anos, o câncer infanto-juvenil é a doença que mais mata no País. Em 1980 a cura chegava a 25%, hoje, temos um índice de 80%”, concluiu.
Fonte: Jornal de Brasília – 01/05/2011