De acordo com o dicionário família é:
1- grupo de pessoas vivendo sob o mesmo teto;
2- grupo de pessoas com ancestralidade comum.
Na prática, uma complexa relação entre pessoas que se amam, se aceitam e se defendem. Falar sobre família não é algo muito simples, já que cada uma tem uma jeito diferente. Algumas são imensas, outras pequenininhas. Algumas são quietas, outras bagunceiras. Algumas são unidas, outras mais distantes. Entretanto, uma coisa é fato em todas; quando um problema surge é a elas que nos apegamos.
São essas pessoas, que compartilham o lar com a gente, que nos socorrem quando tudo parece desmoronar. Um sentimento de pertencimento muito comum para quem desafia o câncer. Quando o diagnóstico chega, vem com ele o medo, a insegurança, o desconhecido, mas chega também o cuidado, a esperança e a proteção.
O câncer e a infância
Na infância e na adolescência essa realidade pode ser ainda mais difícil. A dependência dos pacientes em relação aos seus responsáveis transforma toda a dinâmica do tratamento e, consequentemente, do lar.
A partir do diagnóstico da doença, nasce uma corrida contra o tempo. O metabolismo de crescimento da criança estimula, aceleradamente, o desenvolvimento das células cancerígenas. Por isso, assim que o médico dá o diagnóstico, toda a família é arrastada por uma enxurrada de novas informações. São procedimentos clínicos, médicos, exames, remédios…uma sopa de nomes científicos que passam a ser mais comum do que qualquer um gostaria que fosse.
A Ana Paula e o Arthur passaram exatamente por tudo isso. Em questão de dias, deixaram Aracajú para morar em São Paulo, a capital paulista que Ana e Arthur só tinham visto pela televisão. Nós já contamos essa história aqui no Blog do Instituto Ronald McDonald.
Nascia para eles uma nova vida, assim como nasce para todas as famílias que, tão cedo, se veem diante desta impensável circunstância.
Depois do susto…
Passado o primeiro momento, o choque se transforma em luta e é preciso se reorganizar. Como fazer isso? É uma pergunta sem resposta.
O que preenche o coração de pais e familiares chega sem medida, sem forma e sem tempo para acabar. Cada sentimento é único. Confrontar todos os medos e seguir em frente é um processo diferente para cada um, mas o tempo não permite pensar, é preciso agir o mais rápido possível.
É por isso que muitas famílias se dividem em mil para acompanhar o tratamento, revezando os compromissos diários com uma nova rotina hospitalar. É aqui que a família se une ainda mais e se fortalece. Nessas horas, é preciso apoio para elaborar um plano efetivo que consiga conciliar as novas obrigações que pedem urgência.
Uma receita? Não há!
Muitas mães e pais deixam seus empregos, abandonam lazeres e se entregam à árdua missão de salvar uma vida. Uma família quando passa por essa fase valorizam ainda mais a força da união. Os irmãos que ficam em casa ou se acomodam em lares de tios, tias, vizinhos para que toda família aguardam o retorno dos pais e irmãos para que a família possa estar junta e feliz em breve.
Um único conselho possível é: aproximar-se!
Acionar as redes de apoio e estar sempre por perto de quem amamos é o segredo para a fortaleza. Não precisando de muito, às vezes um abraço, uma distração qualquer, algumas horas de sono sabendo que alguém está pronto para atender qualquer imprevisto é o suficiente para se sentir acolhido.
Nas Casas Ronald McDonald, são incontáveis histórias de famílias que vivem juntas todos os sentimentos que envolvem o processo de cura. Muitas vezes, são pessoas que jamais se encontrariam em outra ocasião, mas que naquele ambiente em comum se conectaram e dividem o peso de todas as aflições. E não só as aflições, mas também todos os cuidados com as crianças, o tratamento, os remédios, as despesas…um apoio mútuo entre quase desconhecidos. Como diz a primeira definição do dicionário: são família, né?
Procure estar sempre cercado de quem te faz bem, com toda certeza, não há contraindicação.