“Ele dificilmente vai sobreviver”. Foi com essa frase ecoando no coração que Edvânia saiu de Recife para conhecer a cidade das novelas: o Rio de Janeiro. Não viu o Cristo, nem o Pão de Açúcar, muito menos se banhou nas águas de Copacabana. Edvânia desembarcou no lado norte da cidade e foi direto conquistar a cura do filho Gabriel.
No hospital do INCA, uma decepção somou-se a tantas outras que ela havia adquirido nos últimos meses.
“Eu cheguei no hospital e vi que eu era só mais uma mãe, desesperada, com o filho doente na fila de espera. Eu fiquei muito decepcionada.”
Gabriel – depois da suspeita de caxumba, problema na tireoide, paralisia facial, astigmatismo – foi diagnosticado com um tumor no globo ocular esquerdo.
Os dias iam passando, sem retorno, os sintomas do câncer iam arrasando a disposição e a saúde de Gabriel. Sem mais economias, eles contaram com o apoio de amigos e conhecidos para chegar até o Rio de Janeiro.
O ticket de embarque da família era a esperança de Edvânia que a fez questionar todos os diagnósticos e não aceitou o “não” como resposta.
“Me mandaram ir para casa e aproveitar os últimos dias com ele. Nenhuma mãe está preparada para ver um filho morrer”.
O grande desafio
Em 2005, com 5 anos, Gabriel e sua mãe passaram pelo maior desafio da sua vida.
Quando chegaram no Inca, Edvânia não tinha conseguido uma consulta para o mesmo dia. Hospedada na casa de amigos, em Duque de Caxias, baixada Fluminense, ela não tinha dinheiro para voltar. Foi encaminhada para a Casa Ronald McDonald Rio de Janeiro, na tijuca. Desde julho de 2005 aquele endereço é parte da sua identidade.
A cirurgia era um grande risco, o único recurso disponível. A cirurgia era o último suspiro da esperança, guerreira, de Edvânia.
“Use meu filho como estudo. Mesmo que não salve a vida do Gabriel, o senhor salvará outras vidas”.
Foram 14 horas de espera. Meio dia relembrando a vida em Recife. Tudo que ficou para trás; os domingos na praia; os carnavais de rua; os abraços; os Natais em família.
“Deu tudo certo. A cirurgia foi perfeita. Agora só resta esperar”.
Deu tudo certo!
Este ano Gabriel completa 18 anos. Para qualquer jovem esta data é um marco de liberdade, mas não como é para Gabriel. Como afirmou o médico: até os 18 anos, é possível que o tumor possa voltar e crescer, mas se passar dessa idade não cresce mais.
Hoje, Edivânia e Gabriel adotaram o Rio de Janeiro como lar. Moram bem perto da Casa Ronald McDonald, que é apoiada pelo Instituto Ronald McDonald, e são voluntários da Casa. Gabriel ganhou o título de voluntário-mirim, uma honraria para poucos. O próximo passo é o mesmo de um jovem qualquer: a faculdade, um intercâmbio, um grande amor…
A história de Gabriel é só umas das milhares de histórias reescritas pela solidariedade de quem apoia o Instituto Ronald McDonald participando do McDia Feliz.
No dia 25 de agosto, serão 30 anos de McDia Feliz, 30 anos transformando o futuro de crianças e adolescentes que lutam contra o câncer.