Já imaginou retornar ao lugar onde esteve muitos anos atrás? Hoje a nossa história é emocionante e muito especial, uma prova de que o Instituto Ronald McDonald transforma a vida de crianças e adolescentes de todo o país.
Thalia jamais passaria pela Casa Ronald McDonald de forma despercebida. Aos dois aninhos, a menina de gênio forte tinha energia para dar e vender. Assim como as outras crianças ali hospedadas, brigava contra o câncer, entre idas e vindas ao INCA.
Na época, eu já me intitulava “voluntário vagabundo”. Nunca tinha hora para chegar. Nem para sair. Entrava na Casa, fazia bagunça, invadia a cozinha de dona Sabina e voltava para a rua com a equipe de reportagem. Saía alimentado pelo amor que tinha por aqueles pequenos guerreiros.
Certo dia, Janete, a mãe de Thalia, foi ao INCA para um dia decisivo. A filha seria operada, e as chances não eram das mais animadoras. Fui com Janete e por lá ficamos à espera de os médicos falarem algo sobre a cirurgia.
Passaram-se 19 longos anos quando, por uma rede social, recebia a mensagem de uma linda jovem de vinte e um, casada e mãe de Kauã.
— Você se lembra de mim?
Nesta segunda, 17 de dezembro, Papai Noel chegou mais cedo para todos nós. Marcamos o reencontro na hora do almoço. Chico, Sônia e voluntários mais antigos lá estavam. Thalia, Janete e Kauã nos esperavam no refeitório. Duas décadas de emoções representadas marcaram os beijos e abraços.
Na sala da recreação, reproduzimos a foto de 1999. Eu, do lado esquerdo, agachado, e ela, do meu ladinho, agora sorrindo e de bem com a vida.
Obrigado, Papai Noel, pela presente que chegou apressado!
Em 2019, quando a Casa Ronald completa 25 anos de existências, outros reencontros acontecerão. São eles que dão a certeza de que, apesar dos solavancos da estrada, vale sempre a pena caminhar.
Por Vinícius Dônola, jornalista com mais de 30 anos de carreira. Com passagens pelos principais veículos nacionais, é autor de livros infantis como o “O Oco do Toco”. Ao longo de sua carreira, ganhou vários prêmios, como o “Prêmio Tim Lopes”, de jornalismo investigativo, e o “Prêmio Vladimir Herzog”, um dos principais da categoria.