Dias das Mães: esperança e superação na luta contra o câncer infantojuvenil

Quem nunca ouviu falar sobre o amor incondicional de uma mãe? Lucineide Cardoso de Oliveira, 28 anos, é exemplo disso. Mãe de três filhos ela está na luta contra o Neuroblastoma, uma forma de tumor maligno que foi diagnosticado em Vinicius, seis anos, seu filho do meio. Há quatro meses, ela e Vinicius deixaram a família no interior da Bahia, em direção a Campinas, em busca do melhor tratamento contra o tumor.

O Neuroblastoma aparece geralmente em crianças com menos de seis anos de idade. É um tipo de câncer no qual as células malignas são encontradas em determinadas partes do sistema nervoso, desde a região do cérebro até a coluna, tórax e abdômen, sendo mais comuns nas glândulas suprarrenais, o caso de Vinícius.

Foi o ex-marido de Lucineide, pai de Vinicius, que mora atualmente em Hortolândia, cidade da Região Metropolitana de Campinas, que conseguiu trazê-los para começar o tratamento no Centro Infantil Boldrini. E desde fevereiro, mãe e filho estão hospedados na Casa Ronald McDonald Campinas. “Quando recebi o diagnóstico, perdi o chão. Foi o primeiro caso na família, me perguntava como isso foi acontecer com meu filho? Mas me mantive forte para procurar o melhor tratamento e confortar os meus filhos, pois sabia que teria que me separar deles para que o Vinicius tivesse a oportunidade de tratamento que ele está tendo aqui”, conta a mãe.

“Foi difícil a despedida, já faz quatro meses que não vejo os meus outros dois filhos, um de nove e outro de quatro anos. O Vinicius sente muita falta dos irmãos”, diz Lucineide. Segundo ela, a Casa Ronald é um porto seguro, pois é ali que ela encontra forças para ter confiança na evolução do tratamento e segurança para explicar as mudanças físicas que acontecem com o filho do meio. “Quando começou a cair o cabelo, Vinicius ficou com muito medo, mas estava ali do lado dele para enfrentar mais essa etapa e procurei explicar que era normal e que os amigos dele no Boldrini também estavam passando por aquilo, e que logo iria crescer novamente, um cabelo mais forte e bonito”.

Para Maria Ângela Sigrist Lopes, presidente da Casa Ronald McDonald Campinas, a casa de apoio é parceira no processo de cura e recuperação de pacientes e procura dar qualidade de vida e bem-estar às crianças em tratamento e também as mães, que os acompanham. “Aumentar a autoestima é essencial para o bom resultado do tratamento, não só dos pacientes, mas também dos familiares”. diz Ângela, que também é uma das fundadoras da APACC, instituição que administra a Casa Ronald McDonald Campinas.
A entidade tem capacidade de hospedagem para 56 pacientes e seus familiares e atendeu, ao longo do ano de 2010, 246 crianças e adolescentes com câncer e acompanhantes, tanto da região, quanto de outros estados, provendo alojamento em instalações adequadas, transporte próprio para os hospitais, esclarecimento sobre uso correto dos medicamentos prescritos e outros cuidados necessários. A casa conta ainda com uma Ala de Vivência, inaugurada em abril deste ano, dotada de auditório, salas de apoio, cinema, salão de beleza, sala de computação, biblioteca, serviço social, psicologia, sala de reunião, sala de artesanato, sala para reuniões e solarium, incluindo instalações adequadas às pessoas com deficiência.

Vinicius está realizando a segunda etapa da quimioterapia e assim que finalizar irá realizar todos os exames novamente para ver se o tumor regrediu ou não e, a partir daí, dar continuidade ao tratamento. “As crianças tem uma capacidade incrível de lidar com as dificuldades do tratamento, na casa e no hospital dão força umas paras as outras, o que é fantástico para a recuperação”, conta Lucineide.

Para esse dia das mães Lucineide e Vinicius irão receber a visita do irmão mais novo, e de alguns familiares. “Esse dia das mães vai ser especial, só não será completo porque não vou poder rever o meu filho mais velho ainda, devido a escola ele não pode vir, mas o meu coração sempre está com ele e sei que logo estaremos todos juntos, diz esperançosa.

Lucineide se mantem positiva e otimista para o tratamento que Vinicius irá enfrentar, previsto para um ano, e espera que no dia das mães, do ano que vem, esteja comemorando uma vitória com todos os seus três filhos juntos. Para isso, a família está de mudança para a região de Campinas e se tudo der certo ela e Vinicius poderão estar de novo “em casa” daqui há algum tempo.